quinta-feira, 19 de abril de 2012

* HOMENAGEM AOS ÍNDIOS!


 
O índio chorou


(inspirado nas lágrimas derramadas provocadas em todos seres humanos sensíveis ao saber da liberação da Presidente Dilma para a construção da barragem de Belo Monte).

Os rios que choram
Derramam lágrimas dos olhos das matas
Que vertem canto tristonho das fadas
Irritação de venenos de humanos desumanos
Mas o progresso com seus afazeres insanos
Não dão margem para o livre soluçar
Dos rios que choram.

Os rios que choram
Antecipando aprisionamento das águas
Inundando criminosamente belos miomas
Reagem cachoeiras de lágrimas tristonhas
Na face de um índio não encontra represa
E a cada face que por tal crime deságuam lágrimas
Muito mais rolarão águas das faces dos algozes
Pois quem da natura saqueia direitos ferozes
Terão cobrados triplos sofreres pela eternidade
As forças naturais reagirão e cobrarão
E os arrependimentos serão tardios
Pelos rios que choram



Obs.: Eu me inspirei numa foto divulgada na internet. Mas o valoroso Cacique Raoni divulgou uma carta dizendo que não chorou, mas quem vai chorar será a Presidente Dilma. Respeitando o posicionamento dele, retirei o oferecimento do poema direcionado à foto. Mas fica o oferecimento às lágrimas de crianças e índias e todos os lutadores em prol da biodiversidade e contra esse projeto genocida. (Jaorish). Eis a carta:



Um Índio falou na mata



Eu fui na mata
Eu corri na mata
Bom ir na mata
Sem ter na mão a arma que mata
E ser acolhido pelo canto de fada
E aparecer um índio cantando
Um canto de prece acolhedor
Para o nosso Belo Santo Senhor.

E assim ao chegar na mata
Ao sentir meu amor pela Natureza
Ao me ver meditando na clareira
Da mata acolhedora entre as árvores
Um índio me falou em cânticos de elevada prece.
Foi canto triste que os pássaros calaram
Foi um canto melancólico que aos puros enternece
Ele falou sobre a tristeza da alma da mata
Ele contou sobre as lágrimas do Criador
Pela falta desumana e todo o desamor,
E me pediu para divulgar pelo mundo seus lamentosos clamores:
“Coloquem a Criação acima de todos os teus ilusórios amores!
Amem os irmãos pássaros e não depredem as matas!
Amem os irmãos animais e não destruam seus lares!
Amem as flores e frutos e não se alimentem dos irmãos animais!
Amem a Vida nos irmãos como amam suas próprias vidas!
E com a força de todos as boas ações e sensações sentidas
Preservem a Vida da Natureza com a força de auto preservação.
Dêem espaços para as flores e árvores nas suas florestas de concreto.
Qualquer espaço é lugar de um sorriso de flor, em cada canto da casa,
No peitoral da janela, no telhado da casa, e em qualquer calçada.”

E enquanto o índio assim falou
Lágrimas denunciaram que chorou
Mas ele não se envergonhou
De defender a Mãe Terra que agoniza
E no clarear da Luz que a todos diviniza
O Índio se foi enquanto as árvores cantavam
“Vai, leva nosso clamor em cânticos poéticos
E tenta implantar nos corações humanos
O Amor Incondicional que salvará esta Terra”.
E acordei deste sonho revelador iluminado
E hoje o Índio ainda brinca à minha janela
Sempre visto em minha Divinal Estrela.



Índios não são sem educação e não são irracionais. De que vale toda a dita "educação do civilizado" quando depreda matas e envenena o meio ambiente com os tóxicos do chamado progresso das cidades?
Eis aqui um exemplo da Ética Ecológica indígena que ultrapassam tempos dos Séculos:
A Carta do Cacique Seattle, em 1855

Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz mais de um século e meio. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade. A carta:

    "O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem.
Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.
    Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.
Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro.
Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.
    Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência.
    Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum."



Um comentário:

  1. Jaorish, primo amado e querido, estou emocionadíssima ao ler esta página... Senti o meu sangue pulsar. Sangue de descendente de índios Bugre falou mais alto. Me encheu de saudades e revolta o peito. O coração clama por justiça, para os nossos irmãos que se foram e os poucos que ainda restam, por esse mundo de nosso Deus, como eles mesmo dizem. Parabéns, você é abençoado!!! Luz e Paz!!!!

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